Empresa fecha e exploração de fontes de água mineral pára em MG
A exploração de quatro fontes tradicionais de água mineral em Minas Gerais está parada há três meses. A empresa que detinha a concessão das fontes desde 1981 perdeu disputa judicial para o governo mineiro e fechou as portas, causando a demissão de 185 funcionários.

A empresa Superágua explorava as atividades de coleta, engarrafamento e venda de água mineral nas estâncias hidrominerais de Caxambu, Cambuquira, Lambari --cidades do Circuito das Águas mineiro, no sul do Estado-- e Araxá, no Alto Paranaíba.

O contrato de arrendamento dos direitos de lavra pertencentes ao Estado, por meio da Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais), venceu em 2001. Na época, foi aberta uma nova licitação, que teve aspectos ambientais questionados pelo Ministério Público e foi anulada pelo governo Itamar Franco (1999-2002).

Com o impasse, o Estado entrou na Justiça para questionar os termos do contrato com a Superágua, que manteve a exploração das fontes até junho. Por causa da pendência judicial, a empresa não investiu em equipamentos, que ficaram obsoletos.

O fechamento das fábricas da Superágua causou a saída do mercado das marcas de água mineral Caxambu, Cambuquira, Lambari e Araxá. Em 2004, a empresa respondeu por 0,7% da produção nacional de água mineral e potável de mesa, de 4,1 bilhões de litros.

"As demissões aconteceram numa hora ruim, ou seja, num momento importante para a revitalização de nossas estâncias", disse o deputado estadual Dalmo Ribeiro (PSDB), em reunião de comissão da Assembléia Legislativa do Estado.

Denúncias de superexploração de fontes e abandono dos parques de águas têm marcado o debate sobre a situação das estâncias hidrominerais de Minas.

Licitação

A estatal Codemig prepara edital de licitação para novos contratos de arrendamento das fontes. ONGs da região defendem a inclusão de exigências ambientais no edital, como a exploração sustentável das fontes e melhorias nos parques das águas locais.

O sindicato que representa os funcionários da indústria de água mineral da região quer que o edital inclua medidas de aproveitamento da mão-de-obra demitida. Alega que a Superágua agiu de "forma unilateral" e que a maioria dos ex-funcionários tem idade avançada, o que dificulta a recolocação deles no mercado.

Procurada pela reportagem desde ontem, a Codemig não comentou as reivindicações das ONGs e do sindicato.

O grupo Lemos de Morais, dono da Superágua, informou que o fechamento das fábricas foi resultado do término do contrato de arrendamento e de sucessivos prejuízos contabilizados pela empresa. Afirmou ainda que não houve acordo com a Codemig para uma solução de transição que preservasse os empregos dos funcionários.

São Lourenço

Em São Lourenço, outra estância hidromineral do Estado, a multinacional Nestlé foi obrigada no ano passado pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) a transferir a produção da água adicionada de sais Pure Life, mas continua a usar o gás do poço Primavera, sob protesto de ONGs e do Ministério Público Estadual.
Data: 21/10/2005
Fonte: Folha OnLine



 
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