Greenpeace denuncia perda de florestas na Argentina
Na última década foram perdidos 300 quilômetros quadrados de florestas nativas no norte da Argentina por causa de explorações agrícolas e de criações de gado, denunciou hoje o Greenpeace.
A perda destas florestas, o equivalente a uma vez e meia a área de Buenos Aires, foi possível graças a acertos legais e ilegais, a fraquezas normativas e à incapacidade de controle efetivo das autoridades, disse a ONG de defesa do meio ambiente no relatório Desmontes S.A..

Segundo o documento, os empresários Franco Macri, Victorio Gualtieri e Eduardo Eurnekian, além das empresas Liag e Madera Dura del Norte, estão associados à práticas de desmatamento que arrasaram 300 quilômetros quadrados de florestas nas províncias de Salta, Santiago del Estero, Chaco e Formosa.

Os desmatamentos respondem a atividades ligadas ao plantio da soja e do algodão, à extração de madeira, à pecuária e a outras práticas produtivas incompatíveis com o desenvolvimento sustentável e à preservação das florestas", diz a entidade.

Franco Macri é um dos principais acionistas do grupo SOCMA, enquanto Gualtieri é dono de uma construtora e Eurnekian lidera o consórcio que controla a empresa concessionária de 33 aeroportos do país.

"Com este relatório provamos que os desmatamentos são uma prática habitual que se sustenta em uma rede de falhas oficiais que favorecem um estado de situação onde o vale tudo é o modus operandi mais praticado", declarou Martín Prieto, diretor-executivo do Greenpeace Argentina.

"Muitos dos negócios analisados neste relatório são legais, pelo menos nos papéis. São legais porque os mesmos setores envolvidos são os que recebem isenções e exceções dos Governos, freiam leis que promovem o aumento dos controles e pressionam os poucos funcionários que tentam investigar", disse em uma entrevista coletiva.

Como exemplo, o relatório apresenta estatísticas oficiais que mostram que em Chaco, uma província vizinha ao Paraguai, havia em 1999 um total de 1,9 milhão de hectares de terras fiscais, a maior parte de florestas nativas, enquanto em 2005 restavam 687.053 hectares. "Assim, em apenas seis anos 1,2 milhão de hectares foram extraviados", declarou Prieto.

O Greenpeace reivindica um plano oficial que permita regular o uso do solo e as atividades produtivas, além de outorgar às províncias critérios básicos "para decidir o uso da floresta nativa atendendo tanto suas necessidades produtivas, como sua conservação".

Havia na Argentina, no início do século 20, 105 milhões de hectares de florestas e selvas. Agora restam apenas 22 milhões, segundo dados divulgados em 2005 pela Fundação Vida Silvestre.

Segundo esta entidade, o país tem 250 áreas protegidas em parques nacionais e provinciais que representam 5,6% de sua superfície total e somam cerca de 15 milhões de hectares.
Data: 27/10/2006
Fonte: EFE



 
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