Especialista questiona existência de água em Marte
O aparecimento de pequenos cursos d'água corrente ao longo de uma cratera de Marte não significa necessariamente a presença de água sob forma líquida, como afirmou a Nasa, ponderou Jean-Pierre Bribing, especialista no planeta vermelho na Agência Espacial Européia (ESA, na sigla em inglês).
Bibring é o responsável pelo instrumento Omega (Observatório de Marte para o estudo da água, do gelo e da atividade) da sonda européia Mars Express, em órbita em torno do planeta.

AFP: Sob que forma se encontra a água no subsolo de Marte?
Bibring: Sabemos que há no subsolo poucas concentrações de água em diversas formas. Por estar próxima da superfície, a água não se encontra provavelmente sob a forma líquida pois a pressão atmosférica é muito fraca. A água está principalmente sob a forma de água de constituição, nas rochas hidratadas; também pode haver um pouco de gelo. Nos planaltos cheios de crateras do sul, por exemplo, onde foram identificados os cursos d'água, nosso instrumento Omega mostrou que não há gelo, mas água estocada sob a forma de minerais hidratados, essencialmente argila.

AFP: Podemos concluir que há "água líquida em Marte", como diz a Nasa?
Bibring: Quando fazemos interpretações apenas a partir de dados (da sonda Mars Global Surveyor), sem ter acesso à composição (dos cursos), há uma grande variedade de explicações. Pode ser que os minerais tenham se derramado por esses cursos. Ou seja, estaríamos falando de um mecanismo que não envolve água. É preciso muita prudência. Em resumo, as imagens não demonstram que surgiu água recentemente na superfície de Marte. Mas as imagens também não excluem essa possibilidade. O fato de a água ter corrido de uma forma transitória não implica que a água líquida seja estável na superfície ou no subsolo de Marte, no presente.

AFP: Como se pode explicar a cor clara desses cursos d'água?
Bibring: É preciso observar essas estruturas em sua composição, para saber se são minerais hidratados. Há minerais hidratados no subsolo que têm mais de 4 bilhões de anos, e há processos que permitem trazê-los à superfície. Mas não é necessariamente água líquida. As rochas hidratadas presentes no subsolo são freqüentemente rochas claras. A alteração dos basaltos deu lugar a argilas e depois a sulfatos, que aparecem claros nas imagens óticas.

Data: 08/12/2006
Fonte: AFP



 
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