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Degelo do Himalaia ameaça China e Sul da Ásia, dizem cientistas |
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Pequim, 23 abr (EFE) - O degelo das geleiras do Himalaia, causado pelo aquecimento global, terá um grande e grave impacto na vida e na economia da China e do sul da Ásia, alertaram hoje cientistas chineses em Pequim.
Até 2050, um quarto das geleiras do planalto de Qinghai-Tibet, o mais alto do mundo, terão derretido, o que afetará a vida das pessoas, não só na China, mas também no sul asiático, já que estas formações são fundamentais para a economia da região, disse Qin Dahe, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Numa entrevista coletiva da qual também participou o indiano Rajendra Pachauri, presidente do painel, Qin, junto com outros especialistas, falou hoje sobre os impactos do aquecimento global previstos no último relatório do IPCC.
As geleiras tibetanas alimentam grandes rios da região asiática, entre eles o Yang Tsé, o Ganges e o Mekong, em cujos deltas fica o chamado "celeiro da Ásia do Sul", destacou Pachauri.
"Até meados deste século, a previsão é que a produção de grãos terá aumentado até 20% no Leste e no Sudeste Asiático, mas poderá cair até 30% na Ásia Central e do Sul", disse Wu Shaogong, também do IPCC.
Especificamente na China, disse Qin, a produção agrícola poderá cair entre 5% e 10% até 2050, afetando os três principais grãos produzidos no país: trigo, arroz e milho.
Na entrevista coletiva, os especialistas chineses confirmaram que Pequim decidiu adiar a publicação de seu primeiro relatório sobre mudança climática, previsto para amanhã, por causa de alterações de última hora.
Pelo menos na última versão do relatório, o país asiático rejeita estabelecer compromissos para a redução das emissões de CO2, principal causa do aquecimento global, mas alerta para as graves ameaças que o fenômeno significa para o crescimento econômico de Pequim, disse hoje o jornal "South China Morning Post".
Segundo Pachauri, os países industrializados são os que têm mais responsabilidade na redução das emissões, já que são os principais causadores do aquecimento global. É também este argumento que a China usa para evitar se comprometer a reduzir as emissões de CO2.
"Espero que a comunidade internacional, mas principalmente os países desenvolvidos, façam algo para reduzir as emissões de gases", disse o indiano.
A China atualmente é o segundo maior emissor mundial de dióxido de carbono, mas poderá ultrapassar os Estados Unidos ainda este ano, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).
Hoje mesmo, o descobridor do buraco na camada de ozônio, o prêmio Nobel de Química Mario Molina, estimou em 90% as possibilidades de a temperatura aumentar entre 4 e 5 graus até o fim do século XXI, caso a poluição não diminua. |
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Data: 23/04/2007 |
Fonte: EFE |
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