Sem bomba prometida, Tietê alaga de novo
Sem as novas bombas hidráulicas prometidas pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito José Serra (ambos do PSDB), a marginal Tietê, um dos principais corredores viários da cidade de São Paulo, teve suas pistas alagadas ontem de manhã. O tráfego ficou interrompido e o congestionamento (124 km às 9h30) foi bem maior do que a média do horário (71 km).

A promessa foi feita pelos dois tucanos no final de maio deste ano, após uma forte chuva inundar as pistas da marginal e derrubar o slogan do governo estadual que, numa placa sobre o rio, anunciava: "Três anos sem enchentes no Tietê".

A chuva de ontem --de 53 mm em apenas doze horas, quase um terço do volume registrado em todo o mês de dezembro de 2004-- provocou alagamento sob duas pontes: a das Bandeiras e a Cruzeiro do Sul, ambas na zona norte.

O problema na ponte das Bandeiras foi o não-funcionamento de duas das quatro bombas hidráulicas, que deveria sugar a água das pistas (que estão num nível abaixo do leito do rio) e jogar na direção do Tietê.
Esse é justamente o local que, segundo promessa dos tucanos, deveria receber até o início das chuvas de verão duas bombas hidráulicas novas, que estão há pelo menos cinco anos guardadas no depósito da prefeitura. Outras 18 bombas também já deveriam estar funcionando sob as pontes da Casa Verde e Anhangüera. Só a instalação delas, que será bancada pelo Estado, custará R$ 6 milhões.

Lei de Murphy

Em entrevista concedida ontem pela manhã, o prefeito disse que o equipamento estava funcionando bem, mas quebrou exatamente na quinta-feira. "Nesta noite não funcionou. Foi a lei de Murphy", disse Serra, referindo-se à máxima que diz que, se alguma coisa pode dar errado, dará.
O defeito foi sanado após duas horas e a pista da marginal, até então interditada, liberada.

Serra também levantou a hipótese de o alagamento sob a ponte Cruzeiro do Sul ter sido provocado por detritos das obras de aprofundamento da calha do Tietê, um dos principais projetos da gestão Alckmin. Técnicos do Estado negaram essa possibilidade.

À tarde, a Secretaria Municipal das Subprefeituras disse que há um defeito estrutural no sistema de drenagem. O equipamento, velho, teria afundado.

A prefeitura terá de refazer a tubulação no local. Como será obrigada a obstruir as pistas por alguns dias, aguarda o melhor momento --provavelmente durante as férias escolares, em janeiro, quando há menos trânsito.

O secretário estadual de Recursos Hídricos, Mauro Arce, admite o atraso na entrega das bombas hidráulicas, mas diz que até o dia 25 de dezembro os equipamentos sob as pontes da marginal estarão funcionando normalmente.

A prefeitura vai desconsiderar as autuações de desrespeito ao rodízio de veículos registradas na marginal Tietê na manhã de ontem. Motoristas que receberem as multas poderão recorrer.

Mais chuva

A chuva que atingiu a cidade na madrugada de ontem também provocou a queda de uma árvore, que atingiu um carro parado na alameda Franca, nos Jardins.

Na Vila Medeiros (zona norte), um barranco desabou sobre um operário que trabalhava numa obra na travessa Silvio Rodini. Aécio Novais Gonçalves, 30, quebrou um braço. O terreno e duas casas vizinhas foram interditadas.

Segundo a meteorologia, a chuva foi causada por uma frente fria que chegou à região anteontem e deve ir embora a partir de hoje.
Data: 07/12/2005
Fonte: Folha Online



 
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