Aquecimento: luta custaria 0,12% do PIB mundial
Os humanos precisam fazer cortes profundos nas emissões de gases nocivos nos próximos 50 anos para manter o aquecimento global sob controle, mas isso pode custar apenas uma pequena fração da produção mundial, disse nesta sexta-feira um relatório da Organização das Nações Unidas.

O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), no terceiro de uma série de relatórios, disse que a manutenção do aumento das temperaturas dentro da margem de 2ºC custaria apenas 0,12% do produto interno bruto anual.

"O preço a ser pago é baixo para reduzir o risco de um grande prejuízo climático", disse Bill Hare, assessor do Greepeace que participou da elaboração do relatório, em entrevista depois do final da maratona de negociações, que foram além dos quatro dias previstos.

"É um ótimo relatório, muito forte, e mostra que é economicamente e tecnicamente viável manter as reduções de emissões no nível suficiente para limitar o aquecimento a 2ºC", afirmou. "Mostra que o custo de fazer isso é bem modesto."

Para manter a margem de 2ºC de aquecimento, que cientistas dizem ser necessária para evitar mudanças desastrosas no clima mundial, é preciso que as emissões de dióxido de carbono caiam entre 50% e 85% até 2050, diz o relatório. Mas avanços tecnológicos - principalmente na produção e no uso mais eficiente de energia - significam que essas metas são possíveis, afirma o texto.

O relatório ressalta o uso de energia nuclear, solar e eólica, mais prédios e iluminação com uso eficiente de energia, bem como a captura e o armazenamento de dióxido expelido por usinas movidas a carvão, além de plataformas de petróleo e de gás. O painel disse também pela primeira vez que mudanças no estilo de vida podem ajudar no combate ao aquecimento global.

O texto não dá exemplos, mas o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, disse que entre suas sugestões pessoas estão desligar o termostato e consumir menos carne vermelha, o que poderia reduzir as emissões de metano animal. "Há medidas de estilo de vida, mas você não abrirá mão de nada e pode até beneficiar-se", disse ele em entrevista coletiva.

Ação já

O relatório, aceito por cientistas e autoridades de mais de 100 países, revê os últimos dados científicos sobre custos e meios de cortar o aumento das emissões. O objetivo é formar uma linha de ação para governos, sem dizer exatamente o que fazer.

Mas a mensagem foi clara - a bola está agora com os governos e já não é possível aceitar adiamentos. "Não há desculpas para esperar", disse o Comissário Europeu do Ambiente, Stavros Dimas. Pachauri disse que um alto interesse público pode levar governos a agir.

"Em uma democracia, no final das contas é o povo que vai criar pressão para mudanças e iniciativas", disse ele. Em alguns casos, disse o painel, a tecnologia pode resultar em benefícios significativos, como cortes nos custos de saúde, ao diminuir a poluição.

Até mesmo um calendário para o plantio de arroz, ou um melhor gerenciamento de rebanhos bovinos e caprinos podem ajudar a cortar as emissões de metano, diz o relatório. Os dois relatórios anteriores previram um futuro sombrio em decorrência do aquecimento global induzido por humanos, com mais fome, secas, ondas de calor e elevação dos níveis dos mares.

Data: 04/05/2007
Fonte: Reuters



 
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