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ONU inicia primeiro debate sobre aquecimento global |
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A Assembléia Geral das Nações Unidas iniciou, em Nova York, seu primeiro debate informal exclusivamente dedicado à questão do aquecimento global, com o compromisso de que seus dois dias de sessões não contribuirão para o processo, anunciou o organismo nesta terça.
Políticos e cientistas de todo o mundo buscam, nestes dois dias de debates, formular as ações que vão permitir o combate ao aquecimento global, por meio da utilização de novas estratégias nacionais e compromissos internacionais.
O debate inclui um encontro interativo com especialistas e a apresentação de projetos desenvolvidos em alguns países, além de discursos de autoridades.
"Os efeitos das mudanças climáticas já são graves, e essa gravidade está se intensificando", afirmou hoje o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no início dos debates. Ele afirmou que, no Ártico, "as temperaturas aumentam duas vezes mais rápido do que na média do planeta".
"Isso põe em risco os ecossistemas da região, e o futuro das ilhas e das áreas litorâneas de todo o mundo", disse Ban.
Para mostrar a necessidade de empreender ações imediatas que combatam o aquecimento global, a ONU se comprometeu a anular qualquer efeito de seus dois dias de debates sobre a atmosfera.
Os gases de efeito estufa emitidos como conseqüência da viagem dos participantes da reunião em Nova York, e os que a própria sede da ONU produzir durante as sessões, serão compensados com investimentos em um projeto ecológico no Quênia, disse hoje o porta-voz da Assembléia Geral, Ashraf Kamal
O deslocamento dos convidados até a sede da ONU em Manhattan deve produzir cerca de 43 toneladas de dióxido de carbono (CO2), enquanto os dois dias de atividades no edifício podem gerar 52,8 toneladas do mesmo gás.
O CO2 é considerado um dos principais responsáveis pela intensificação do efeito estufa.
No processo normal, os raios solares penetram na atmosfera terrestre e são refletidos pelo solo, mas o calor não é completamente perdido, pois fica retido graças ao efeito estufa.
No entanto, a intensificação deste fenômeno pode fazer com que mais calor seja retido, gerando um aquecimento global.
Para compensar as cerca de 96 toneladas de CO2 emitidas no debate, a Presidência da Assembléia Geral decidiu apoiar um projeto de produção de energia por biomassa no Quênia.
A refinaria de óleo de palma no país africano é alimentada por resíduos agrícolas, em vez de hidrocarbonetos, segundo explicou Kamal.
"As coisas não podem continuar como estão. É hora de tomar uma ação decisiva em escala global", defendeu Ban.
O secretário-geral da ONU pediu a todos os países que colaborem para conseguir um acordo global até 2009. Dessa forma, seria possível substituir o Protocolo de Kioto a partir de 2012, quando a vigência deste chega ao fim.
"Estou convencido de que este desafio, e a maneira como responderemos a ele, definirão nossa era e nosso legado", afirmou Ban.
Ele disse ainda que a ONU é a melhor instância para resolver os problemas globais. Por isso, segundo ele, "o organismo mantém a questão do aquecimento global como uma das prioridades de sua agenda e de seus contatos com líderes de todo o mundo".
Por sua vez, a presidente da Assembléia Geral, Haya Rashed al-Khalifa, afirmou que a ironia cruel do aquecimento global faz com que os países menos responsáveis sejam os mais afetados. Isto porque as mudanças climáticas "bloquearão seu crescimento econômico" e dificultarão "a redução da pobreza".
Além disso, Haya disse que grandes variações no regime de chuvas, junto à elevação do nível do mar, "levarão a climas extremos, especialmente em algumas partes da Ásia, da África Subsaariana e da América Latina".
Ela pediu que o mundo avance rumo a um marco de entendimento pós-Kioto, baseando-se na Convenção da ONU sobre as Mudanças Climáticas. O possível acordo mundial, em sua opinião, deve girar em torno da idéia de que o aquecimento global é um problema comum com diferentes responsabilidades.
"O que fundamentalmente se requer é um limite global para as emissões, e o estabelecimento de um objetivo para reduzi-las. Para consegui-lo, são necessários limites no âmbito de cada Estado", afirmou.
A reunião na sede da Assembléia Geral da ONU termina amanhã, e dela participam especialistas de todo o mundo sobre aquecimento global, assim como diretores de grandes empresas, como o vice-presidente da Alcoa, Jake Siewert, e o vice-presidente executivo de energias renováveis da Shell, Graeme Sweeney.
Também está previsto o discurso de dois dos enviados especiais da ONU para a mudança climática, o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos e o ex-ministro de Assuntos Exteriores sul-coreano Han Seung-soo.
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Data: 02/08/2007 |
Fonte: EFE |
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