Água da chuva será reaproveitada em casas do ES
Os novos condomínios e casas do município de Vitória (ES) deverão ter sistemas de aproveitamento de água das chuvas, de acordo com uma nova lei que altera o Código de Edificações da cidade. A medida, publicada no dia 18 de agosto no Diário Oficial do Estado também prevê a reutilização da água proveniente de chuveiros, pias e máquinas de lavar.

"O processo consiste na captação e na utilização da água das chuvas na cobertura das edificações. Essa água passará a ser recolhida em reservatórios específicos e, mais tarde, utilizada para regar jardins e hortas, para lavar pisos, calçados, roupas e veículos", afirmou o vereador Reinaldo Matiazzi (PT), autor da idéia.

O projeto também utilizará a água proveniente de chuveiros, pias e máquinas de lavar na descarga dos vasos sanitários, por meio de um sistema de canalização. "Com isso deixaríamos de usar água potável nos banheiros. Hoje essa água limpa vai pro esgoto. Quem ganha com essa medida é o meio ambiente, com a economia desse bem natural, e o consumidor, com a diminuição nos gastos", disse o vereador.

Exemplo

A arquiteta Raquel Perim adota a construção ecológica há cinco anos com o objetivo de reduzir o desperdício de recursos naturais. Ela utiliza alguns dos recursos já disponíveis para uma construção ecológica, que engloba materiais de baixo impacto ambiental e tecnologias que permitam o melhor aproveitamento do que é oferecido pela natureza.

Para a arquiteta, há iniciativas que ajudam a minimizar o impacto das atividades humanas sobre o clima mundial. "É possível erguer uma casa sem demolir o ambiente", explica Perim. Entre as medidas adotadas está a implantação de sistemas de reaproveitamento da chuva para regar o jardim, lavar a varanda ou redirecionar a água para pias, chuveiros e descarga de vasos sanitários. Além disso, foram implantados painéis solares para a gerar energia.

"Por enquanto nós só reutilizamos a água da chuva, mas pretendemos começar a reaproveitar a utilizada dentro de casa. Nós coletamos a água por calhas e pelo telhado e direcionamos para uma caixa especial", explicou. Cada vez que a descarga de banheiro é acionada, são gastos cerca de 12 l de água, aproximadamente 230 l por dia, enquanto uma lavagem de roupa à máquina consome cerca de 130 l.

Lei

O secretário de Desenvolvimento da capital capixaba, Kléber Frizzera, disse que a lei ainda vai ser regulamentada por um decreto do prefeito João Coser, o que ocorrerá em até 60 dias. Frizzera fez uma avaliação positiva da medida.

"A lei é uma avanço. Com o aproveitamento da água das chuvas, além de não penalizar o sistema pluvial da cidade, você aproveita toda a água, que passa a ser usada de maneira mais eficiente. É uma forma de proteger as nossas nascentes", disse.

"Vitória é uma cidade que possui um problema sério de drenagem, até porque nós temos alguns lugares abaixo do nível do mar, então essa tecnologia vai contribuir também para a melhoria do sistema de drenagem", avaliou o secretário.

De acordo com o doutor em Engenharia do Tratamento e Depuração de Águas, Ricardo Franci Gonçalves, o sistema é fundamental e importante para modernizar o uso do bem natural na área urbana. "Essa medida é muito positiva. Pode-se chegar a uma economia de 30%, em média", afirmou.

"Mas é importante que a população entenda que não deve beber água de chuva, já que ela tem alguns contaminantes químicos, e, se for água do telhado e do solo, possui também contaminantes biológicos", alertou.

Data: 01/10/2007
Fonte: Redação Terra



 
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