Conferência discute apoio contra mudança climática
A União Européia (UE), a América Latina e o Caribe deram hoje o primeiro passo rumo a uma maior cooperação contra a mudança climática com a realização, em Bruxelas, da primeira conferência ministerial sobre meio ambiente entre essas regiões.
Mais de 60 ministros e representantes governamentais compareceram à reunião, durante a qual foram discutidos, entre outros assuntos, a adaptação à mudança climática, o incentivo às energias renováveis, a luta contra o desmatamento e a perda de biodiversidade.

Durante os debates, os titulares latino-americanos se mostraram dispostos a adotar medidas e a cooperar com a UE para amenizar os efeitos da mudança climática, mas lembraram que os países mais ricos são os maiores responsáveis por esse problema.

Por sua vez, os representantes europeus divulgaram os objetivos unilaterais assumidos pela União para reduzir as emissões dos chamados gases estufa e incentivar as energias renováveis, além de terem insistido na necessidade de estreitar vínculos entre as duas regiões para combater o aquecimento global.

Ao fim da conferência, foi adotado um pacote de recomendações sobre mudança climática e coesão social que será usado na cúpula UE-América Latina a ser realizada em Lima em maio. O evento sediado no Peru terá a luta contra a mudança climática entre seus principais temas.

O presidente do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conam) peruano, Manuel Ernesto Bernales, destacou que as populações mais pobres da América Latina sofrem as conseqüências da mudança climática sem terem contribuído para a sua geração. "A luta contra a mudança climática e para evitar a perda de biodiversidade é também para evitar a perda de diversidade cultural e de identidade", afirmou Bernales em entrevista coletiva conjunta com os representantes da UE.

O ministro do Meio Ambiente e do Planejamento Espacial esloveno, Janez Podobnik, ressaltou, em nome da Presidência de turno do bloco europeu, que a reunião de hoje é "um primeiro passo" para estreitar ainda mais a cooperação com a América Latina e o Caribe. Podobnik ressaltou que os países presentes a este encontro estão "decididos" a promover e acelerar a agenda de Bali para conseguir um acordo global que substitua, a partir de 2013, o Protocolo de Kioto.

Durante a conferência, o ministro do Meio Ambiente e Recursos Naturais guatemalteco, Luis Alberto Ferraté, destacou a visão "pragmática e realista" da UE na luta contra a mudança climática e avaliou a colaboração que o bloco quer dar à América Latina nesse âmbito.

Entretanto, Ferraté explicou que não há uma fórmula padrão que sirva a todos os países, dado que, em alguns Estados, como a Guatemala, existem "razões particulares", como a enorme biodiversidade, que obriga à adoção de medidas "diferentes" contra o aquecimento global. A secretária do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável argentina, Romina Picolotti, disse que a conferência foi uma "primeira reunião de aproximação" e um "passo muito importante" na colaboração entre Europa e América Latina na luta contra a mudança climática.

No entanto, Picolotti reconheceu que "ainda há muita desconfiança entre as delegações" e disse confiar em que as próximas reuniões propiciarão um diálogo "mais franco e produtivo". O secretário do Meio Ambiente e Recursos Naturais mexicano, Juan Rafael Elvira Quesada, considerou a reunião "boa, interessante e útil" e se mostrou convencido de que servirá para começar a aproximar posições entre a UE e a América Latina no combate ao aquecimento global.

Quesada explicou que a delegação mexicana defendeu a importância de "afinar laços com a UE" e expôs aos ministros "a experiência mexicana de recuperação de florestas e selvas" como política ligada à luta contra a pobreza.
Data: 05/03/2008
Fonte: efe



 
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