Lagoa criada na fase de mineração tem poluição com metal
Única entre as cem lagoas do Estado do Rio de Janeiro a ser artificial, a que existe no parque paleontológico é uma das principais atrações do lugar, mas sofre com lixo e animais pastando sobre suas margens, sem falar na contaminação da água por coliformes fecais (bactérias das fezes).

Segundo Benedito Humberto Rodrigues, como consequência da exploração do calcário na região, a água da lagoa também apresenta contaminação por metais pesados. De acordo com ele, uma análise feita por técnicos da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) constatou a presença de metais como cádmio, chumbo e alumínio, ainda em níveis toleráveis.

O subsecretário municipal de Meio Ambiente de Itaboraí, Heleno Jesus, declarou que, no fundo da lagoa, ainda estaria parte de equipamentos usados pela mineração da Cimento Mauá, o que aumentaria os riscos.

A contaminação é ainda mais problemática porque a água da lagoa é consumida por cerca de 5.000 moradores do município. Uma cooperativa, a Cooperágua, é responsável pela retirada da água do lago e por sua distribuição entre os consumidores da região. Para isso, cobra uma mensalidade de R$ 20.

Diante dos problemas, o ambientalista Sérgio Ricardo de Lima afirmou ser "imprescindível" um monitoramento permanente da qualidade da água.

Redução do nível

Quando começou a se formar, no final da década de 1970, a lagoa chegou a ter cerca de 100 m de profundidade. Atualmente, estaria com cerca de 25 m.

Segundo Lima, a redução do nível de água ocorre pelo assoreamento do lago. Segundo ele, o desmatamento ocorrido na região durante a exploração mineral provocou sucessivos processos de erosão. Com as chuvas, os sedimentos, de acordo com Lima, acabam indo parar dentro da lagoa, reduzindo sua capacidade como reservatório de água.

Outro elemento que contribui para o problema é a própria retirada de água da lagoa para consumo humano. Segundo a Cooperágua, a cada hora, são retirados cerca de 30 mil litros de água.

Apesar de o risco de o líquido estar contaminada, há pesca no local. Há duas décadas, um morador da área atirou na lagoa larvas de peixes, já que o lago originalmente não os possuía.

Como a água é usada para consumo, o banho foi proibido. Existem registros de sete afogamentos na lagoa.

Mineradora acusada

Para o ambientalista Sérgio Ricardo de Lima, parte dos problemas enfrentados pelo parque seria de responsabilidade da mineradora francesa Lafarge, proprietária da empresa Cimento Mauá.

Ele entrou com uma representação no Ministério Público Federal pedindo a abertura de um inquérito civil público contra a empresa sob alegação de que estaria descumprindo a Lei Federal 6.938/1981. A lei, em seu artigo 4º, determina a realização do Prad (Programa de Recuperação de Áreas Degradadas), que obriga o reflorestamento e investimentos em educação ambiental após a desativação da extração mineral.

De acordo com o ambientalista, depois que encerrou suas atividades, a Lafarge abandonou o local e deixou lá um grande passivo ambiental. Na representação que encaminhou à procuradoria, Sérgio Ricardo pediu também que a empresa seja obrigada a realizar o monitoramento permanente da água do lago artificial, viabilizar a construção de um centro de referência em paleontologia e financiar o processo de reassentamento das famílias.

O procurador federal Leonardo Almeida Côrtes de Carvalho acatou a representação e iniciou investigações preliminares antes de decidir pela abertura ou não de um inquérito.

Segundo Lilian Bergqvist, com o abandono do parque, poucos conhecem a importância do local. "Queremos revitalizar tudo. Montar um museu, exibir os fósseis no parque, criar trilhas ecológicas e replantar parte da Mata Atlântica que se perdeu. Falta apoio da prefeitura."
Data: 21/12/2005
Fonte: Folha OnLine



 
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