Água do mar dessalinizada com tecnologia nacional não pode ser vendida no Brasil
Uma tecnologia desenvolvida no Brasil – utilizando equipamentos de vários países – chega aos Estados Unidos sem que possa ser testada ou conhecida no mercado local. É a H2Ocean, água do mar dessalinizada, própria para consumo humano que, há um mês, entrou no mercado norte-americano começando pelo estado da Flórida.

O diferencial do produto em relação a outros processos de dessalinização é que, agora, se conseguiu extrair o sal mantendo-se 63 minerais dos cerca de 86 presentes na água do mar. “A dessalinizada comum fica pesada e zerada, isto é, H2O puro, sem mais nada”, disse a AmbienteBrasil Rolando Viviani, da área de Marketing da Aquamare, com sede em Bertioga (SP), empresa que trabalha com pesquisa e desenvolvimento de produtos a partir da água do mar, criadora da H2Ocean.

O motivo pelo qual o mercado brasileiro não tem acesso à novidade é que inexiste, no âmbito da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), qualquer norma que contemple esse tipo de opção. “Como nosso produto é inovador demais, não conseguimos o registro na Anvisa para envasar a nossa água”, diz Rolando.

Nos Estados Unidos, o produto brasileiro ganhou acolhida bem mais facilmente. Classificado como purified water (água purificada), já passou pelos rigores do Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana que regula produtos alimentícios e farmacêuticos, o que abre as portas de outros mercados internacionais para a H2Ocean.

A água é colhida em alto mar e processada através de equipamentos de alta tecnologia que executam processos de nanofiltragem e seleção de minerais. Todo sal e impurezas são retirados, permanecendo apenas os minerais e nutrientes benéficos à saúde humana. “H2Ocean é produzida dentro de padrões de qualidade exigidos pelos organismos industriais e ambientais e garante potabilidade exigida por todas as legislações de controle de água no mundo”, coloca a Aquamare.

“Uma água que tem 63 minerais não se encontra em nenhum lugar do planeta”, diz Rolando Viviani. “O pulmão do mundo não é a Floresta Amazônica, é o mar, o princípio da Vida”, completa. Para efeito de comparação, as águas de fontes terrestres têm, em média, 12 minerais.

Os benefícios são superiores, assim como o custo em relação aos processos de dessalinização tradicionais. “O nosso foco é levar 63 minerais para as pessoas, não acabar com a sede do mundo”.

Na Flórida, segundo ele, os primeiros resultados em termos de aceitação mostram-se animadores. A tecnologia pode ser posta em prática em qualquer lugar, razão pela qual a Aquamare deixou de priorizar o Brasil como mercado. “Nós teríamos que apresentar um regulamento técnico para a Anvisa, para que a Agência possa chegar a uma conclusão e classificar o produto, para posterior venda no país”, coloca Viviani.

Assim, ao menos por enquanto, os brasileiros poderão apenas testar um outro lançamento da empresa, este destinado às plantas. É o Aqua Garden, água também processada a partir do mar, porém imprópria para consumo humano. Voltada para irrigação de hortas e jardins, pode acelerar em até quatro vezes o crescimento dos vegetais, além de aumentar seu tamanho em igual proporção, diz Viviani. “Chega a ser uma coisa quase alienígena”, diverte-se. A conferir.
Data: 23/09/2008
Fonte: Mônica Pinto / AmbienteBrasil



 
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