Pesquisa sobre a genética dos crocodilianos brasileiros vai ajudar a combater o comércio ilegal desses animais
O laboratório de Ecologia Animal e o laboratório de Biotecnologia Animal da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), estão realizando um estudo sobre a diversidade genética dos crocodilianos.

As informações levantadas vão contribuir com o estudo da biologia, manejo e conservação das espécies. As técnicas permitem uma estimativa do número de espécies que vivem em determinada região, assim como identificar as diferenças entre elas.

A bióloga Priscilla Villela, defendeu mestrado e doutorado em Ecologia Aplicada da ESALQ, com o tema “Caracterização genética das espécies de crocodilianos no Brasil”, orientada pelo professor Luiz Lehmann Coutinho, do departamento de Zootecnia. Foram verificadas seis espécies de jacarés que existem no Brasil, de acordo com a pesquisdora, Paleosuchus palpebrosus (jacaré-paguá), Paleosuchus trigonatus (jacaré-coroa), Melanosuchus niger (jacaré-açu), Caiman crocodilus (jacaré-tinga), Caiman yacare (jacaré-do-pantanal) e o Caiman latirostris (jacaré-de-papo-amarelo).

A identificação das espécies é importante para o controle e formulação de leis para controle do uso e exportação de produtos animais. “O problema com crocodilianos é que existem espécies próximas cujo comércio é legalizado ou a espécie protegida pode ser comercializada se proveniente de cultivo. Nesses casos, as fazendas de cultivo podem ser usadas para a legalização fraudulenta das espécies protegidas”, alertou a pesquisadora. “Já se observou que a comercialização mundial de peles de jacaré (gênero Caiman) é superior a um milhão de pele por ano, das quais apenas a metade vem de fontes legalizadas”, completou.

Nem sempre a identificação é simples. Às vezes, as peles podem servir como referência, de acordo com padrão, relevo e manchas. No caso do comércio de carnes, o trabalho é dificultado. Marcadores moleculares são apontados por Villela como uma alternativa interessante.

Foi criado um banco de dados com fragmentos de DNA das espécies que ocorrem no país. As informações vão auxiliar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Ibama, e a Polícia Federal, a identificar a espécie e a origem da carne, a partir de um pedaço do material. A metodologia visa combater a comercialização ilegal de carne e couro.

Além de direcionar a elaboração de um plano de manejo, a pesquisa apontou alguns dados curiosos, como o fato de que os animais que vivem na Ilha do Cardoso são mais próximos geneticamente das populações do Nordeste e do Sul do país, do que as encontradas no interior de São Paulo. A Serra do Mar poderia estar servindo como barreira geográfica.
Data: 19/01/2010
Fonte: AmbienteBrasil



 
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