Projeto usará supercomputador para prever efeito do clima na Amazônia
Com objetivo de prever o impacto das mudanças climáticas na floresta amazônica nas próximas décadas, cientistas do Brasil e de outros oito países, de 14 instituições de pesquisa, iniciaram as discussões do projeto Amazalert, que também pretende apontar medidas preventivas e de adaptação aos fenômenos naturais.

Durante o projeto, liderado pela Universidade de Wageningen, dos Países Baixos, e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), modelos de projeção serão produzidos por 50 pesquisadores em três supercomputadores instalados em Cachoeira Paulista (no interior de São Paulo), na França e no Reino Unido. Do Brasil, a Universidade de São Paulo e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) fazem parte dos trabalhos científicos. O projeto receberá investimentos de 4,7 milhões de euros.

“Queremos prever os riscos ambientais na Amazônia, os impactos da mudança do clima e do uso da terra, como a interferência do desmatamento nos serviços ambientais”, afirma Celso Von Randow, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST, ligado ao Inpe), um dos coordenadores do projeto no Brasil.

Sinais de que uma elevação da temperatura, decorrente do aumento das emissões de gases de efeito estufa, começam a atingir a Amazônia foram sentidos no ano passado, quando o bioma sofreu a pior seca da história, apenas cinco anos depois de outro grave período de estiagem.

“Apesar de serem eventos particulares, já podemos afirmar que essas ocorrências poderão se tornar mais frequentes devido às alterações do clima. O grande problema é a combinação disto com ocorrências de queimada e desmatamento”, disse Randow.

A liderança do Amazalert está a cargo de Carlos Nobre, que continua trabalhando na instituição, apesar de atualmente ocupar o cargo de secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Padrões do IPCC – De acordo com Randow, os cenários de previsão seguirão padrões estipulados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que reproduz como o planeta ficará com aumento das emissões de gases de efeito estufa e, consequentemente, da temperatura em anos diferentes.

“Queremos desenvolver um sistema de alerta para evitar o colapso na floresta. Um dos focos principais é na criação de políticas públicas para adaptação aos fenômenos do clima na Amazônia”, disse o pesquisador.

De acordo com o Randow, o principal papel do Brasil é conter o desmatamento da floresta, com que se comprometeu internacionalmente com a Política Nacional de Mudanças Climáticas, apresentada em Copenhague, na Dinamarca, durante a COP 15.

“O que falta agora são as ações dos países para reduzir as emissões. Talvez a participação de instituições europeias pode melhorar esta visão nos próximos anos”, explica.

Na próxima semana, entre os dias 3 e 5 de outubro, os responsáveis pelo Amazalert estarão reunidos em São José dos Campos (SP) para debater o projeto. Para a elaboração dos modelos, os pesquisadores farão entrevistas com “pessoas-chave” que estão ligadas com o setor governamental, organizações ambientais e a própria população. Eles poderão informar detalhes sobre o que está sendo feito para evitar a destruição da floresta, o que deveria ser realizado, e qual o efeito disso em quem vive no local.

“Em dois anos (2013), vamos começar a delinear as variáveis importantes que serão monitoradas nesse sistema de alerta, que funcionará nos moldes da previsão do clima (já realizada pelo Centro de Previsão e Estudos Climáticos, o Cptec, também do Inpe)”.
Data: 29/09/2011
Fonte: GloboNatureza



 
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