Pequenas ilhas clamam por ações imediatas contra mudanças climáticas
Em meio a discussões sobre a possível implementação de um acordo global de redução de gases-estufa a entrar em vigor em 2020, um grupo de pequenos países representados na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas pede ação imediata, porque para eles pode ser até tarde demais.

Essas nações formam a Aosis, sigla em inglês para a Aliança dos Pequenos Países Insulares, que a cada ano se veem mais afetados pela subida do nível do mar, pela salinização de sua água doce, pela passagem irregular de ciclones por seus territórios.

As pequenas ilhas tradicionalmente participam das negociações climáticas ao lado dos países em desenvolvimento, no chamado grupo do G77+China, do qual o Brasil também faz parte.

Mas as aspirações desses países são tão diferentes (os grandes emergentes, por exemplo, andam cautelosos em relação às cobranças para que também assumam metas de redução de emissão de carbono), que a Aosis tem pressionado por ações mais imediatas que seus parceiros subdesenvolvidos.

“Estamos na temporada de ciclones em Fiji e estamos rezando mais do que de costume”, relatou nesta quinta-feira (8) um representante do país na conferência em Durban.

A nação fica no meio do Oceano Pacífico, isolado a cerca de 2 mil km da Nova Zelândia. “Nossa água está sendo salinizada. A segurança alimentar será um problema em alguns anos”, acrescentou.

Karl Hood, ministro de Relações Exteriores de Grenada, país caribenho com menos de 1 milhão de habitantes, reclama da morosidade para se avançar a algo concreto.

“Achamos que as negociações estão andando em círculos. Não estamos felizes com o que estamos vendo”, reclama. “Vamos chegar a um ponto em que não haverá volta”.

Hood concorda com o caminho negociatório defendido pela União Europeia, mas não quer que ele entre em vigor apenas em 2020. “Temos todos os elementos para que vigore já”, disse.

“As metas [de redução de emissões] precisam se basear na ciência – e ela diz que não podemos esperar até 2020”, argumenta.

“Chamam nossos de países de paraísos. Mas é um paraíso quando você visita. Nos não vamos embora depois de uma semama. É a nossa vida. Estamos encarando os efeitos das mudanças climáticas”, lamenta Hood.

A COP 17 também foi palco do relato de Foua Toloa, membro do governo de Tokelau,que não faz parte da Aosis e consiste num conjunto de três atóis associado à Nova Zelândia, da qual fica a meio caminho para o Havaí. Tem menos de 2 mil habitantes. Em cada ilha, há apenas um carro comunitário e, ainda assim, sua população é vitimada pelas mudanças climáticas causadas pelas emissões de carbono dos outros países.

Sua água ficou salinizada por causa de uma seca prolongada, obrigando o território a importá-la para consumo. “Meu coração está pesado”, disse Toloa, que levou 62 horas para chegar de Tokelau até Durban – 20 delas num barco, já que não há voos partindo de Tokelau.

Ele veio à África do Sul para anunciar que os geradores a diesel devem ser desligados em sua terra natal, pois um sistema de energia solar foi instalado para substituí-los, provendo 90% da energia de que a população necessita.
Data: 09/12/2011
Fonte: G1



 
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