Emissões de gás carbônico ameaçam vida nos oceanos...
As emissões de gás carbônico, que causam o aquecimento global, aumentam a acidez nos oceanos, o que poderia causar danos irreparáveis a sua fauna e flora, principalmente nas águas frias, alertaram nesta quinta-feira cientistas em Paris.
Embora a comunidade internacional cumpra seus objetivos de redução de emissões de dióxido de carbono (CO2), a acidez nos oceanos atingirá, no fim do século, um nível tão elevado que alguns organismos marinhos não conseguirão expelir o óxido de cálcio indispensável à formação de sua carcaça.

Em um terço dos casos, o gás carbônico é absorvido pelos oceanos, o que soma 25 milhões de toneladas diárias, explicaram representantes do EUR-OCEANS, programa da União Européia para o estudo das conseqüências das mundanças climáticas sobre os oceanos.

O gás carbônico se combina com os carbonatos na água e os neutraliza. Mas os crustáceos, corais, moluscos e ouriços do mar necessitam desses carbonatos para a fabricação de sua carcaça. O desparecimento dos carbonatos leva, automaticamente, a um aumento da acidez no mar.

Em condições normais, seu pH, o medidor de acidez, é de 8,1. Desde o começo da industrialização, caiu 0,1, e poderia continuar retrocedendo entre 0,3 e 0,5, prevê James Orr, diretor de pesquisas do Laboratório de Ciências Climáticas e do Meio Ambiente da Agência de Energia Atômica Francesa (CEA).

"Esse nível implicaria o fim da calcificação nas zonas mais frias dos oceanos até o fim do século, mas os problemas começarão a aparecer muito antes", sugere Orr, acrescentando que as águas quentes absorvem menos dióxido de carbono.

A conscientização dos danos causados pelas emissões de CO2 à vida marinha é recente, e ainda não existem estudos sobre seu impacto no desenvolvimento das espécies comercializadas, como ostras e mexilhões. "A única coisa certa é que os crustáceos têm mais dificuldade para fabricar seu exoesqueleto quando aumenta o CO2", assinala Jean-Pierre Gattuso, diretor do Centro Nacional de Pesquisas Científicas francês (CNRS).

No laboratório, algumas microalgas sofrem deformações quando a acidez da água aumenta, explica Gattuso. "O aumento de CO2 na água do mar não ameaça a fotossíntese, nem a capacidade dos oceanos de gerar biomassa. Mas poderia ter um impacto na cadeia alimentar", conclui.
Data: 02/06/2006
Fonte: AFP



 
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