Inpe estuda elevação do mar e mudança nas marés em arquipélago
O movimento das marés e a elevação dos oceanos são os principais elementos analisados pelas medições feitas por equipamentos instalados no arquipélago de São Pedro e São Paulo pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de Cachoeira Paulista (SP), e podem definir o futuro das ilhas.

O estudo verifica mudanças geradas pelos ventos no curso das correntes e marés e nas propriedades da água do mar. Também analisa se há alteração em decorrência do derretimento das calotas polares e geleiras continentais. Tais dados são necessários para conhecer também possíveis modificações na costa brasileira.

“As regiões estuarinas, deltas dos rios e as ilhas serão as primeiras regiões a sofrer os impactos da mudança do nível do mar. Dependendo de quanto ele subir, o arquipélago corre o risco de não ser mais território brasileiro e sim uma feição submarina, o que teria implicações políticas nacionais”, afirmou o pesquisador Domingos Urbano, especialista do Inpe responsável por processar os dados coletados na região.

Disponibilidade para comunidade científica – Essas informações, disponibilizadas quase que em tempo real pelo instituto na internet, são utilizadas pela comunidade científica para elaboração dos relatórios sobre as mudanças climáticas, divulgados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês).

“Nós vivemos em um planeta em constante mudança. Monitorá-las nos permite prever a tendência e tomarmos decisões quanto às estratégias futuras”, comentou Urbano.

Segundo o especialista, os dados obtidos em São Pedro e São Paulo ainda não levaram a nenhuma conclusão científica, pois se trata de uma pesquisa recente – o marégrafo foi instalado em 2008.

“Para entendermos o clima do nosso planeta, precisamos de medidas de longo período [séries históricas], mas se nós não começarmos a medir, nunca teremos essa informação”, disse.

Ele acrescentou que a estação está sendo atualizada para que opere de forma contínua. Possíveis alterações só podem ser detectadas após observações de alta precisão realizadas em um período de 70 anos.

Por isso, na expedição enviada ao arquipélago de São Pedro e São Paulo, acompanhada pelo G1, também está o técnico Antonio Carlos Barbosa, que realiza reparos e atualizações no sistema dos equipamentos preparados especialmente para o clima da região. Seu funcionamento, por exemplo, é movido pela energia solar.

“Não somente os efeitos físicos como o forte calor do sol dos trópicos [as ilhas estão bem próximas à Linha do Equador], ventos intensos e ação do sal marinho. Mas também com a biologia, principalmente os pássaros. Os sensores tiveram caixas duplas para a proteção dos equipamentos”, afirma Urbano.

Monitoramento – Medições das marés – além de dados como temperatura, índices pluviométricos e radiação solar – ocorrem a cada cinco minutos. Esses dados são enviados por meio de dois satélites – o SCD e o Argos – para as bases receptoras do Inpe e disponibilizados a cada hora na página do Sistema Nacional de Dados Ambientais (Sinda).

Novos equipamentos serão instalados em breve na ilha para reforçar as medições. “Tudo ali será duplicado. Serão dois marégrafos, dois transmissores, duas unidades de armazenamento”, disse o engenheiro do Inpe.
Futuramente, um novo aparelho será instalado na ilha para medir o nível de afastamento do arquipélago do continente, que pode gerar mudanças nos processos oceanográficos e climáticos.

“Vai ser como implantar um GPS em São Pedro e São Paulo. Isso vai nos ajudar a entender os movimentos geológicos”, afirma Jorge Lins, coordenador técnico da Estação Científica instalada no arquipélago. O equipamento, que deve ser instalado ainda este ano, vai transmitir dados em tempo real pela internet.
Data: 09/03/2012
Fonte: ambientebrasil



 
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