Emissão de carbono da China acelera mudança climática, diz pesquisa
As emissões de carbono da China podem ser quase 20% maiores que o previsto anteriormente, mostrou neste domingo (10) uma nova análise de dados oficiais do país que sugere que o ritmo da mudança climática global pode ser ainda mais rápido que o estimado atualmente.

A China já ultrapassou os Estados Unidos como o maior gerador de gases do efeito estufa, respondendo por cerca de um quarto da produção mundial de carbono que, segundo os cientistas, está elevando a temperatura do planeta e provocando mais situações climáticas extremas.

Mas estabelecer claramente um total para as emissões da China tem sido um desafio há muito tempo por causa de dúvidas a respeito da qualidade das informações oficiais do país sobre uso de energia.

Essa é a informação usada para computar como o clima do planeta vai mudar, ajudando no planejamento para enfrentar situações extremas de seca, enchentes e o impacto na produção agrícola.

“O fato triste é que os dados sobre energia e emissões da China como informação primária para os modelos vão acrescentar uma dose extra de incerteza em simulações para prever a mudança climática futura”, disseram os autores do estudo na publicação Nature Climate Change.

O time de cientistas da China, Grã-Bretanha e Estados Unidos, liderado por Dabo Guan, da Universidade de Leeds, estudou dois grupos de informação sobre energia do Departamento Nacional de Estatística da China. Um grupo apresentou o uso de energia para o país, o outro, para suas províncias.

Eles compilaram os estoques de emissão de dióxido de carbono para a China e suas 30 províncias no período de 1997 a 2010 e encontraram uma grande diferença entre os dois grupos de informação.

“Mais incerteza que nunca” – “O estudo identificou uma diferença de 1,4 bilhão de toneladas de emissões (em 2010) entre os dois grupos. Isso implica mais incerteza que nunca em estatísticas chinesas sobre energia”, disse Guan numa entrevista à Reuters.

Isso é um pouco mais que as emissões anuais do Japão, um dos cinco maiores geradores de gases do efeito estufa. Guan acrescentou que a China não é o único país com dados inconsistentes.

Cientistas dizem que o mundo já está a caminho de um aquecimento de 2 graus Celsius ou mais nas próximas décadas por causa do crescimento rápido das emissões geradas pela queima de combustíveis fósseis e desmatamento. O acréscimo de um bilhão de toneladas aos modelos de previsão iria acelerar o ritmo de aquecimento esperado.

De acordo com estatísticas nacionais da China, na média, as emissões de dióxido de carbono cresceram 7,5% por ano de 1997 para 7,69 bilhões de toneladas em 2010, disseram os autores no estudo.

Emissões agregadas de todas as províncias chinesas aumentaram 8,5% na média, para 9,08 bilhões de toneladas em 2010.

Como comparação, as emissões dos Estados Unidos foram de 6,87 bilhões de toneladas em 2010, segundo a Agência de Proteção Ambiental.

Os cientistas afirmaram que diferenças no consumo e processamento relatado de carvão no nível provincial foram os principais fatores para a discrepância nas estatísticas.

As conclusões também expõem os desafios que a China enfrenta para introduzir sistemas de comércio de emissões, que demandam medidas precisas, registro e verificação de uso de energia e de emissão de carbono em nível local e nacional.

Yang Fuqiang, uma ex-autoridade em energia na China e consultor sênior para o Conselho de Defesa de Recursos Naturais em Pequim afirmou que as províncias comumente subestimam tanto suas emissões de carbono quanto sua taxas de uso de energia.

“Eu diria que a maior preocupação sobre a precisão e confiabilidade da informação (sobre as emissões da China) é o carvão – e isso vem das muitas pequenas minas de carvão que alimentam pequenas plantas industriais. Eles não têm monitoramento dos sistemas e, de modo geral, estão também evitando o pagamento de impostos”, disse.

Com as províncias agora sob pressão para atingir metas, elas irão provavelmente subestimar as emissões, acrescentou.

A China assumiu o compromisso de reduzir a intensidade de energia – a quantidade produzida por unidade do PIB – em 16% de 2011 a 2015, e a intensidade de carbono em 17%. O país também planeja colocar um teto para o uso total de energia de 4,1 bilhões de toneladas de carvão convencional até 2015.
Data: 11/06/2012
Fonte: G1



 
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